Lula O Estadista

  Não há como negar ou tergiversar. O presidente Lula tem se revelado verdadeiro estadista.

Querendo ou não as elites intelectuais e econômicas, a história d o Brasil será reescrita seguramente como o segundo melhor Presidente desta nação, superado somente por Getúlio Vargas.

  Como estadista, compreendemos aquele chefe de Estado, Presidente ou Primeiro Ministro, que governa para todos, para todas as matizes sociais, sem distinção partidária ou ideológica, isento ou pelo menos não demonstrando rancor diante das armadas próprias de políticos de baixa estatura ou pequena grandeza, projetando suas virtudes perante as demais  nações.

  Nos quase oito anos de governo Lula vimos o Brasil se transformar para melhor, criando condições e proporcionando uma melhora social substancial. O conjunto de miseráveis diminuiu drasticamente. Hoje, pode-se afirmar com certeza: ninguém mais passa fome, na acepção justa da palavra. Houve uma melhora apreciável de renda da população que antes era mais pobre. Nos dias atuais, algumas capitais se deparam com pleno emprego da sua massa trabalhadora.

  De acordo com levantamento efetuado pela Fundação Getúlio Vargas, divulgado pelo jornal Valor Econômico do já distante dia 09\02 p.p através do professor Yoshiaki Nakano, a classe “C” no Brasil está se transformando em uma nova classe média. Já representa 46% da renda nacional, superior à soma das classes A e B que é 44%. São famílias, que recebem mensalmente entre R$ 1.115,00 e R$ 4.807,00, algo inimaginável há alguns anos atrás.

  Conforme dados colhidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a partir de 2004 mais de 32 milhões de cidadãos subiram para as classes A e B e 19,3 milhões saíram da linha da pobreza, apesar de ser ainda enorme as desigualdades. Enfim, houve crescimento da renda oriunda do trabalho, não se confundindo com aquela proveniente dos programas sociais. Apenas a título de informação, o Bolsa Família representa apenas 0,4% do PIB. 

  Houve no decorrer do Governo Lula um progresso social e econômico fabuloso quase impensável, feito sem mágicas ou subterfúgios. Os miseráveis estão à beira da extinção; os pobres se encontram numa situação infinitamente melhor, migrando para a classe média baixa e esta se elevando para classe média superior. A Bolsa de Valores que final do primeiro mandato do Presidente Lula demonstrava uma enorme desenvoltura, atingindo as proximidades dos 40.000 pontos, hoje, no final do segundo mandato atingiu 80.000 pontos; simplesmente dobrou.

  Isto tudo significa que a melhora foi generalizada. O Brasil cresceu em todos os aspectos, dele se beneficiando não só os ricos como era regra até a chegada do Presidente Operário, mas agora também os médios, os pobres e os miseráveis.

  Hoje, após passados oito anos, o Brasil é um país respeitado. De patinho feio se transformou num vistoso e triunfante cisne, seduzindo a todos, quer as grandes potências, quer os países pobres. Foram criadas as condições para orgulharmos do nosso país.

  O Brasil, hoje, é a oitava economia mundial. Desbancou a Itália dessa condição. De devedor, sempre de cabeça baixa, e de pires na mão pedindo favor se transformou em mutuante, emprestador de dinheiro ao F.M.I. 

  A crise que assolou e ainda mantém de cabeça baixa os países desenvolvidos e todos aqueles que não tinham a casa em ordem, passou ao largo do Brasil, provocando sim algumas marolas, mas que foram amainadas com atitudes corretas da equipe econômica do Presidente. Mas não olvidemos; quem construiu as condições para conter os solavancos da crise, foi o Ex-ministro e cidadão Antônio Paloci com sua intransigente política de rigidez com os gastos públicos, construindo e mantendo sempre um apreciável superávit primário, diminuindo a dívida interna do governo. 

  O Presidente Lula, podemos afirmar sem medo de errar, é um homem iluminado, abençoado. Não se encontra paradigma na história da civilização. Sua história, sua trajetória de vida é maravilhosa. O sétimo filho de uma família de retirantes nordestinos, sem contar com a presença paterna, criado e orientado somente pela mãe, passando necessidades básicas, primárias, de sobrevivência, mas assimilando os valores morais e éticos de vida passados pela mãe, lhe é possível cursar apenas o primário e freqüentar curso de torneiro mecânico patrocinado pelo SENAI, tornando-se metalúrgico e posteriormente líder sindical e, pelo voto, pelo sufrágio, elege-se Presidente da República e prestes a cumprir sua jornada seu governo conta com 82% de aprovação pela população, situação extremamente rara num governo democrático. Como estadista o Presidente Lula se mostrou cioso com a democracia que tanto ajudou a construir. Foi imune à picada da mosca azul do poder. Foi incessantemente instado a alterar a Constituição para tentar o terceiro mandato, situação viável e até cômoda para obtê-lo, pois contava a época com mais de 70% de aprovação pelo povo brasileiro, mas como bom democrata não aceitou fazê-lo.

  Além de democrata o Presidente Lula se revela uma pessoa que não demonstra rancor nas suas atitudes, mesmo nas piores situações; pessoa de espírito desarmado e com todos cordato. Recebeu Prêmio Internacional de homem do ano.

  Sabemos que as elites intelectuais locais não o aceitam mas tem que digeri-lo. O Presidente pode não ter cabedal cultural, mas é inteligente, e muito, mostrando às elites que para governar este país não se é imprescindível possuir diplomas. Há que possuir bom senso, capacidade de convencimento, cercar-se de bons assessores e bom articulador político para enfrentar as votações no Congresso, qualidades estas que possui de sobejo.

  O Presidente Lula está de parabéns. Além de articulador sensível tem um excepcional carisma. Se assim não fosse, a oposição o teria derrubado na presepada do mensalão. Aliás, o Sistema Presidencialista de governo é atróz, especificamente o nosso, uma vez que o Congresso é representado por mais de três dezenas de partidos políticos, cumprindo ao presidente constituir uma maioria que é sempre eventual, para aprovar seus projetos. Assim, é o sistema que nos empurra para a marginalidade, sendo constantes as crises. Para se construir uma maioria sempre haverá um preço a pagar. Os presidentes Jânio Quadros e Collor, eleitos apenas a custa do próprio carisma e marketing, sem base parlamentar, não resistiram aos primeiros solavancos e se o Presidente Lula não tivesse apoio parlamentar e não contasse com seu carisma pessoal também certamente teria ia de roldão. Felizmente o Brasil teve sorte.

  O Presidente Lula, seguindo seu instinto, tem se revelado um estadista em todos os aspectos. Contrariando toda elite nacional e também internacional, imprimiu uma política externa bem diferente dos governos anteriores. Abriu representações do Itamarati em vários países antes sem importância, aumentando e diversificando enormemente nosso comércio e influência no cenário da ONU, ocupa o lugar que o país merece; não mais uma diplomacia subserviente ao Império do Norte e sua colônia européia, mas altiva e ativa. Nosso Itamarati se comportava como verdadeiro cão vira latas. Era tão desprezado e subserviente no governo FHC que seu chanceler Celso Lafor tirou os sapatos ao ingressar nos Estados Unidos em reunião ocorrida em 2002. Disse Lula ordenando seus colaboradores no início do seu governo “Ministro meu que tirar os sapatos deixará de ser ministro”. A diplomacia brasileira hoje não se compactua com a hipocrisia e a injustiça global sempre patrocinada pelas potências ocidentais. Teve coragem e altivez de afrontar o Império ao negar-se votar as sanções econômicas contra o Irã. Deu uma calçada no país pratica o terrorismo do Estado; sim, o Estado de Israel.

  O Brasil, sob o comando de Lula, elevou sua auto-estima. Colocou os pés, calçados, onde não pisava e passou a ter protagonismo não sendo mais mero coadjuvante.

  Foi extremamente correta sua atuação em relação ao Paraguai e Bolívia. A ninguém interessa, a não ser para a extrema direita, hoje ocupada pelo DEM-PSDB a aniquilação dos nossos vizinhos para quem temos dívidas enormes. Se o Paraguai hoje é um pária, fomos nós, o Império Brasileiro que o colocou nessa condição. Não podemos esquecer. Nós cometemos verdadeiro genocídio contra a Nação Guarani no decorrer da guerra de 1864-1870. Até o início da Guerra, o Paraguai era tecnologicamente o país mais avançado da região. Seis anos depois voltou à  idade da pedra; eliminamos fisicamente 90%  de sua população masculina acima de sete anos, assim como metade de suas mulheres e crianças. Temos que ser, no mínimo, generosos, além de que era justa a exigência paraguaia de renegociação do Tratado de Itaipu.

  Assim também correta a a atuação em relação à Bolívia cuja população indígena é dona de um dos subsolos mais ricos do planeta. Nós, brasileiros, desde o início do século passado pregamos que “O petróleo é nosso”, dizemos que a riqueza do pré-sal é do nosso povo. Ora,o gás natural e as ricas minas de lítio é deles, bolivianos. As riquezas naturais devem ser usadas em benefício deles, habitantes daquela terra. Aliás a eleição de Evo Morales na Bolívia foi algo tão extraordinário quanto a eleição do Presidente Operário brasileiro. Hoje os indígenas têm seus direitos reconhecidos e parte das riquezas obtidas são dirigidas em seu benefício, mudando completamente o estado anterior em que uma minoria branca explorava com exclusividade as riquezas minerais do país. O petróleo é nosso e o gás natural é deles. 

Enfim, hoje o Brasil é outro país e temos motivos para nos orgulhar e estamos prestes a definição do pleito eleitoral onde verificamos de um lado a política do progresso material e social e de outro atraso, representado pelo DEM-PSDB, com cores ideológicas bem à direita, essa mesma direita que tem horror a cheiro de suor, não suporta o cheiro de Povo, atrelada ao que há de mais reacionário e que sempre governou para os ricos e a eles sempre foi subserviente, entregando parte do nosso patrimônio em privatizações financiadas com o nosso próprio dinheiro, via BNDS. Tenho preferência pela política que vem dando certo em todos os aspectos, mas que vença o melhor para o país e Lula, queiram, aceitem ou não os elites, terá seu lugar de destaque na história que deverá ser reescrita.

Por João Emilio Tiepo, Magistrado Inativo e Produtor Rural/Três Lagoas/MS